quarta-feira, junho 28, 2006



Doce Mistério da Vida (Ah! Sweet Mistery of Life)

Minha vida que parece muito calma
Tem segredos que eu não posso revelar
Escondidos bem no fundo de minh'alma
Não transparecem nem sequer em um olhar
Vive sempre conversando à sós comigo
Uma voz eu escuto com fervor
Escolheu meu coração pra seu abrigo
E dele fez um roseiral em flor
A ninguém revelarei o meu segredo
E nem direi quem é o meu amor

(V. Herbert, versão de Alberto Ribeiro)

(Uma canção que expressa todo o sentimento místico, usada em momentos de máxima felicidade pelos rosacruzes em vários cantos do planeta.)
Paz Profunda aos buscadores!

quinta-feira, junho 22, 2006


METADE

QUE A FORÇA DO MEDO QUE TENHO
NÃO ME IMPEÇA DE VER O QUE SEI
QUE A MORTE DE TUDO EM QUE ACREDITO
NÃO ME TAPEM OS OUVIDOS E A BOCA
POR QUE METADE DE MIM É O QUE EU GRITO
MAS A OUTRA METADE É SILENCIO
QUE A MUSICA QUE OUÇO AO LONGE
SEJA LINDA, AINDA QUE TRISTEZA
QUE A MULHER QUE EU AMO SEJA PRA SEMPRE AMADA
MESMO QUE DISTANTE
POR QUE METADE DE MIM É PARTIDO
MAS A OUTRA METADE É SAUDADE
QUE AS PALAVRAS QUE EU FALO NÃO SEJAM OUVIDAS
COMO PRECE E NEM REPETIDAS COM FERVOR
APENAS RESPEITADAS
COMO A ÚNICA COISA QUE RESTAM NUM HOMEM
EM UM DADO DE SENTIMENTOS
POR QUE METADE DE MIM É O QUE OUÇO
MAS A OUTRA METADE É O QUE CANTO
QUE ESSA MINHA VONTADE DE IR EMBORA
SE TRANSFORME NA CALMA E NA PAZ QUE EU MEREÇO
E QUE ESSA TENSAO QUE ME CORROE POR DENTRO
UM DIA SEJA UM DIA RECOMPENSADA
POR QUE METADE DE MIM É O QUE PENSO
MAS A OUTRA METADE É UM VULCAO
QUE O MEDO DA SOLIDAO SE AFASTE
E QUE O CONVIVIO COMIGO MESMO
SE TORNE AO MENOS, SUPORTÁVEL
QUE O ESPELHO REFLITA EM MEU ROSTO UM DOCE SORRISO
QUE EU ME LEMBRO TER DADO NA INFANCIA
POR QUE METADE DE MIM É LEMBRANÇA DO QUE FUIA
OUTRA METADE EU NÃO SEI
QUE NÃO SEJA PRECISO MAIS QUE UMA SIMPLES ALEGRIA
PRA ME AQUIETAR O ESPIRITO
E QUE O TEU SILENCIO ME FALE CADA VEZ MAIS
POR UQE METADE DE MIM É ABRIGO,
MAS A OUTRA METADE É CANSAÇO
QUE A ARTE NOS APONTE UMA RESPOSTA
MESMO QUE ELA NÃO SAIBA
E QUE NINGUEM A TENTE COMPLICAR
PORQUE É PRECISO SIMPLICIDADE
PARA FAZE-LA FLORESCER
POR QUE METADE DE MIM É PLATÉIA
E A OUTRA METADE É CANÇÃO
E QUE A MINHA LOUCURA SEJA PERDOADA
POR QUE METADE DE MIM É AMOR
E A OUTRA METADE TAMBEM

Oswaldo Montenegro

Longe

Este tempo, este lugar
Desperdícios , erros
Tão demorado , tão tarde
Quem era eu para lhe fazer esperar
Apenas mais uma chance
Apenas mais uma respiração
Apenas um caso que foi deixado de lado
Porque você sabe,
Você sabe , você sabe...
Que eu te amo
Eu te amei o tempo todo
E eu sinto sua falta
Estive afastado por muito tempo
Eu continuo sonhando que você ficará comigo
E você nunca irá embora
Paro de respirar se
Eu não ver você de novo
De joelhos, eu pedirei
Uma última chance para uma última dança
Porque com você, eu resistiria
A todo o inferno para segurar sua mão
Eu daria tudoEu daria por nós
Eu daria qualquer coisa, mas eu não desistiria
Porque você sabevocê sabe, você sabe..
Tão longe
Estive afastado por muito tempo
Tão longe
Estive afastado por muito tempo
Mas você sabe , você sabe , você sabe..
Eu quisEu quis que você esperasse
Porque eu precisava
Porque eu preciso te ouvir dizer
"Eu te amo
Eu te amei o tempo todo
E eu perdôo você
Por ficar longe tanto tempo
"Então continue respirando
Por que eu não te deixarei mais
Acredite em mim,
Me abrace e nunca me deixe ir."
Continue respirando
Me abrace e nunca me deixe ir
Continue respirando
Me abrace e nunca me deixe ir...

Chad Kroeger

domingo, junho 11, 2006


LÍNGUA

Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixem os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua *
Fala Mangueira Fala! Flor do Lácio** Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode Esta língua
Vamos atentar para a sintaxe paulista
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Cadê?
Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate
E Xeque-mate, explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Sejamos o lobo do lobo do homem
Adoro nomes Nomes em Ã
De coisa como rã e ímã...
Nomes de cores como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso
E Arrigo Barnabé, e Maria da Fé e Arrigo Barnabé
Incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco Hollywood quer dizer azevedo
E o recôncavo, e o recôncavo, e o recôncavo
Meu medo!
A língua é minha Pátria
E eu não tenho Pátria: tenho mátria
Eu quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ele está no Pão de Açúcar
Tá craude brô, você e tu lhe amo
Qué que'u faço, nego?
Bote ligeiro Arigatô arigatô
Nós canto falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

Caetano Veloso

sábado, junho 10, 2006


Caetano, meu plano
Eu sigo rimando, enquanto pergunto:
Quem fui? Quem sou?
Nas ruas de Havana, as putas Cubanas,
Não sei quem me chama, pro sexo, pra cama
Em Copacabana, na areia, na lama da sul,daqui dali, ahã,Leblon
Meu tempo esqueço, do medo que tenho, que perco,
Que vejo passar
Em cada estação
Eu tenho fé, assim que é
Ser ou não ser um malandro um mané
Eu conto estória, quem ri, quem chora
No ato falho eu sou um fruto da criação

Xis

segunda-feira, junho 05, 2006


Versos Íntimos
(Contam que o irmão de Augusto dos Anjos foi traído pela mulher e pediu um conselho ao poeta, perguntando o que ele deveria fazer. Augusto dos Anjos pegou o papel e a caneta e escreveu o seguinte poema para seu irmão):

"Vês!
Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija”

Augusto dos Anjos
(Colaboração Ana Martha)

domingo, junho 04, 2006


ALMA GÊMEA

ALMA GÊMEA de minha Alma
Flor de Luz de minha Vida
Sublime Estrela caída
Das belezas da Amplidão.
Quando eu errava no Mundo...
Triste e Só, no meu Caminho,
Chegaste, Devagarinho,
E Encheste-me o Coração.
Vinhas na Benção das Flores
Da Divina Claridade,
Tecer-me a Felicidade
Em Sorrisos de Esplendor!!!!
És meu Tesouro Infinito.
Juro-te Eterna Aliança.
Porque sou tua Esperança,
Como és todo meu Amor!!
ALMA GEMEA De Minha Alma
Se eu te perder algum dia...
Serei tua escura agonia,
Da saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores
Da Claridade dos céus."
(Emmanuel /Psicografado por Chico Xavier.)

sexta-feira, junho 02, 2006


VENENO (Veleno)

Na minha vida tem uma menina chamada Marina
Ela é a cobra do meu paraíso
Ela é a dobra do meu paraíso
Ela é a sobra do meu paraíso
Ela é a sombra do meu paraíso
Ela é a cobra
Ela é cobra
Eu sou cobra

Veneno
Não me beije que eu tenho veneno
É meu preço não faço por menos
Mas depois te amarei
Veneno
Esta vida é tão pouca e pequena
Nestes lábios tem todo o veneno
Que você ama e quer
Todos os sentidos, cada gota D'água, nesses mares de prazer
Veneno Cor-de-rosa suave e moreno
Nestes seios tem todo o veneno
Que você chama amor

(Polacci - versão: Nelson Motta)

Amor,amor

Madrugada,
Azul sem luz,dias de brinquedo
Linda assim me veio
E eu me entreguei
Inocentemente,como um selvagem,
Como um brilho esperto
Dos olhos de um cão
Amor,amor,
Diz que pode depois morde pelas costa sem querer
Amor,amor,
Assim como um leão caçando o medo
Meu caminho nesse mundo eu sei vai ter,
Um brilho incerto e louco
Dos que nunca perdem pouco,
Nunca levam pouco
Mas se um dia eu me der bem,
Vai ser sem jogo
Amor,amor,
Fiel me trai e me azeda,
Me adoça e faz viver
Amor,amor
Eu quero só paixão sobre os segredos
Amor,amor,
Diz que pode depois morde pelas costas sem querer
Amor,amor,
Assim como um leão caçando o medo
Amor,amor
Eu quero só paixão fogo e segredos

Cazuza

Quarta-Feira

Livro depressivo
Na areia da praia
Eu banco o depressivo
Talvez você caia
Na minha rede um dia
Cheia de cacos de vidro
E o galã não vê que é bombardeado
Com balas de hortelã
Com balas de hortelã
E a santa milagrosa
Vê que DEus não dá esmola
Subitamente assalta
Subitamente assalta
Quero que você me ame bastante
Daqui até a Constante Ramos
Vamos lado a lado
Como dois gigantes
Enfrentando os ônibus
E o menino triste quer ser um herói
Mesmo um herói triste
Mesmo um herói triste
E a dama sem cara
Das bolsas vazias
Sente um amor aflito
Sente um amor aflito
Ando apaixonado, por cachorros e bichas
Duques e xerifes
Porque eles sabem
Que amar é abanar o rabo
Lamber e dar a pata
E as mulatas sonham
Que são raptadas
Por sheiks alemães
Por sheiks alemães
No escritório sonham
Que já é de tarde
Todas as manhãs
Todas as manhãs.

Cazuza (o poeta exagerado)

Avassaladora

Avassaladora...
Senta no meu colo
Lambe o pescoço...morde a orelha
Enfia a língua...por entre seus dentes
Tomando toda a sua boca...ela é louca Muito louca...
E ele adora a sua mão
Apertando o que deseja...com calor e com carinho
Ensinando o caminho...da loucura e acabando
Com seu medo de não poder....
E o macho, se solta, se larga...
Se acaba na mão da rainha....
Com todo o prazer...
E o macho, desmonta, no grito de gozo
Na mão da rainha...
E desmaia de tanto prazer

Gonzaguinha

quinta-feira, junho 01, 2006


Nasci no Rio de Janeiro
Fruto do amor verdadeiro
De uma cristâ e um cristão

Num apezinho maneiro
Cresci vendo Tarcisio Meira
Meu pai na televisão

Fui na infância um cordeiro
Até descobrir no banheiro
Que eu tava na contramão

Daí sartei fora sem freio
Me estrepo mas tô sempre inteiro
E sou feliz, meu irmão!

Cazuza

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

Augusto dos Anjos

Se Depois de Eu Morrer

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto corri o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro

A árvore da serra

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

Augusto dos Anjos